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“Voluntariado é um murro no estômago que nos muda”

“Voluntariado é uma tomada de consciência de tamanha brutalidade que nunca mais somos os mesmos. É uma medicina praticada com poucos meios, é saber fazer um exame com a ponta dos dedos e dar sangue ao doente se for preciso. É um murro no estômago que nos muda para sempre”. As palavras de Fernando Nobre e os momentos captados pela lente de Alfredo Cunha seriam suficientes para um livro de histórias sobre voluntariado humanitário pelos quatro cantos do mundo.

Dizem que uma imagem vale mais do que mil palavras e no caso de Alfredo Cunha é mesmo assim. A exposição “Olhar e Ajudar”, patente no Largo do Paço, desde Dezembro, nao deixa ninguém indiferente. E foi essa mesma exposição que motivou e deu nome à conferência sobre voluntariado humanitário, que a reitoria da Universidade do Minho acolheu, esta quinta-feira.

O fotojornalista falou sobretudo de fotografia humanitária. “Os fotógrafos humanitários, ou seja humanistas, deixaram de ter a preocupaçao estética e passaram a ter a preocupações jornalísticas e sociais”, comentou o fotojornalista.

“Fotojornalismo é uma coisa muito simples: olhar, ver, compreender e fotografar”, acrescentou.

Alfredo Cunha apresentou, na sessão, dezenas de momentos que captou em missões da AMI, que agora resultam naquele que diz ser o maior trabalho jornalístico da sua carreira. Um trabalho que pode, agora, ser visto no Largo do Paço. “Para mim é a maior recompensa possivel ver o meu trabalho exposto nesta sala, que é a sala de visistas de Braga”, desvendou à RUM.

Das dezenas de fotografias partilhadas, entre as milhares que captou com a sua maquina fotográfica em diferentes partes do mundo, há uma que o fotojornalista destaca.

O retrato de Jeremias, “um miúdo que vivia debaixo de um hotel com mais de 50 cães”, chamou a atenção de Alfredo. “Ele é feliz. Não tem pai nem mãe, é um miúdo abandonado”, explicou. Um sorriso e três cães. É tudo o que é preciso para fazer de uma fotografia, algo tão especial.

E cada fotografia guardava uma história. Mas a de Jeremias é, para Alfredo Cunha, “uma das melhores fotografias”. “Uma das que eu mais gosto, porque basta olhar para ela e ver o que representa”, explicou.

O segredo para se conseguirem boas fotografias humanitárias, revela Alfredo Cunha, passa pelo “trabalho, estudo, ter boa formação técnica e ser-se boa pessoa estruturalmente”. “Orgulho-me, mais do que ser bom fotógrafo, de ser uma boa pessoa e penso que as minhas fotografias reflectem isso”, afirmou.

Voluntário há 45 anos, Fernando Nobre é presidente da AMI, aquela que considera “a quinta filha” e que lhe mudou a vida. Com acção em 83 países, Fernando e Alfredo foram, muitas vezes, companheiros de viagem e aventuras.

Pelas suas palavras, ser-se voluntário “é,sobretudo, sentir-se interessado pelo destino da comunidade e pelo outro ser humano”. “Dá a possibilidade de conhecimento real de outras situações. Se se dizia que uma pessoa informada vale por duas, um cidadão voluntário para mim vale dez”, asseverou.

A sessão despertou interesse a muitos jovens da Uminho e foi para eles que Fernando Nobre falou. “Antes de sermos médicos, engenheiros ou psicólogos, somos seres humanos e, como tal, podemos sempre ser voluntários em muitas acções”, aconselhou.

E são “estes murros no estômago” que, muitas vezes, mudam as nossas vidas para sempre.

“Iniciativas em aldeias mais isoladas, em países africanos, acções orientadas para a doação de sangue, há, de facto, uma grande evidência de disponibilidade dos nossos jovens”, começou por dizer o reitor Rui Vieira de Castro.

Para o reitor da UMinho, “a palavra de Fernando Nobre e as imagens de Alfredo Cunha são exemplares pelo impacto que têm na nossa consciência”. “De uma universidade espera-se que contribua para esse aumento de consciência sobre os problemas que afectam as mulheres e os homens, mas é bom darmos a conhecer estas realidades como forma de procurar assegurar uma presneça mais assídua e efectiva dos membros da nossa academia em acções que contribuam para tornar o mundo melhor”, finalizou o representante máximo da academia minhota.

Para a vice-reitora para a Cultura e Sociedade, Manuela Martins, “ninguém consegue ficar indiferente” aos retratos de Alfredo Cunha. Por isso, acha que “a universidade tem uma responsabilidade acrescida não só para com a comunidade académica, mas para com a cidade”. “É altura de o Paço ser o sítio onde se discutem questões importantes nas nossas vidas. Este foi apenas o primeiro dos temas, mas, este ano, vamos falar de coisas como a inteligência artificial e qual vai ser a mudança no paradigama do que será a saúde,o trabalho e a educaçao no futuro”, desvendou.

No salão nobre da reitoria da UMinho, esta quinta-feira, falou-se de voluntariado, quer pelas palavras de Fernando Nobre, quer pela lente de Alfredo Cunha.

A exposição “Olhar e Ajudar” estará patente no Largo do Paço até ao dia 31 de Janeiro. 

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