Presépio de Priscos alerta para tráfico de seres humanos

Nadege Ilick, sobrevivente de tráfico humano em África, vai estar na inauguração do Presépio de Priscos, em Braga, este ano dedicado ao tráfico de seres humanos. A inauguração está marcada para 10 de dezembro, às 11 horas.

De acordo com o padre João Torres, responsável pelo presépio, esta jovem nascida nos Camarões “conseguiu fugir para não ser vendida para um casamento forçado, passou pela Argélia, onde foi enganada com promessas de trabalho e acabou numa casa de alterne”. Depois, Nadege fugiu para a Líbia, onde acabaria por ser raptada por guardas prisionais. “Na prisão foi espancada e torturada apesar de estar grávida. Com a ajuda do atual marido conseguiu fugir e foi socorrida pelo navio humanitário Sea Watch que atracou, mesmo sem autorização, no porto de Lampedusa, no verão de 2019”, refere João Torres.

Depois disso, o destino era Portugal. Chegada a terras lusas viajou até Braga, tendo sido ajudada por Helena Pina Vaz, do Colégio Luso-Internacional de Braga, e por diversos voluntários e instituições bracarenses, cidade onde se encontra atualmente radicada. Nadege só reencontrou os filhos em 2021, cinco anos depois de ter fugido.

O presépio vivo de Priscos, que é organizado desde 2006, ocupa um espaço de cerca de 30 mil metros quadrados, com representação de mais de 90 cenários a cargo de 600 figurantes. A grande novidade deste ano é um acampamento militar, “como um alerta que a guerra não pode ser solução para coisa alguma”, diz João Torres.

Segundo a organização, “todas as entradas serão solidárias”. Os jovens até aos 16 anos não pagam e os adultos pagam cinco euros.