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Pai e filha reecontram-se no palco do CCVF

É sobre reencontros que nos fala a peça que o GUIdance reservou para esta noite. Chama-se “Je dance parce que je me méfie des mots”, o  que significa “danço porque não confio nas palavras”.  É uma estreia nacional da japonesa Kaori Ito, que subirá ao palco com o seu pai, Hiroshi Ito, de quem esteve afastada durante 13 anos.


Em entrevista à RUM, a artista revelou que a criação foi uma oportunidade para colocar várias questões ao seu pai. Perguntas que nunca teve coragem de fazer em toda a sua vida. “No meu país, a figura paternal representa alguém que nos diz «não» e que toma decisões por ti. Ele representa a sociedade e a cultura onde vivi. Comunciar com o meu pai foi uma forma de comunicar com o meu país”, explicou.


As respostas que Hiroshi Kaori Ito deu à filha foram gravadas e serão reproduzidas ao longo do espectáculo. “Je dance parce que je me méfie des mots” é, por isso, uma peça realista e intimista. “Muitas pessoas que viram este espectáculo choraram, vieram ter comigo e disseram-me que as encorajei a falar com algum membro da família. É uma peça muito especial, que não é propriamente uma peça, porque somos mesmo pai e filha. É tudo muito real”, explicou Kaori Ito.

O espetáculo que Guimarães acolhe desafia os cânones impostos pela cultura nipónica. De acordo com a artista, no Japão não é aceite “um pai deixar-se dirigir por uma filha”. “É muito corajoso, especialmente da parte do meu pai, subir ao palco. Ele não é bailarino, ainda que tenha participado numa peça de teatro, mas foi há muitos anos. Ele não está habituado a dançar em frente a tanta gente e fá-lo muito bem. Acho que é muito corajoso para um pai aceitar ser dirigido pela própria filha”, afirmou.


Kaori Ito regressou ao Japão em Março de 2011, ano que um enorme tsunami atingiu o país. “Demorei muito tempo a regressar porque, no meu país, não é fácil voltar a casa quando não se é famoso ou não se tem muito dinheiro. É difícil voltar ao local onde nascemos sem termos nada. Na primeira semana, quando regressei, o meu pai disse-me que tinha outra família”, revelou.

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