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Câmara de Braga quer Bairro de Santa Tecla aberto à cidade
A reabilitação do bairro de Santa Tecla vai custar mais de três milhões de euros e prolongar-se por mais de um ano e meio. Deste bolo, um milhão do investimento está destinado aos arranjos externos e à circulação do trânsito. Reabilitação dos edifícios, demolição de um deles (à face da estrada), reabilitação do espaço exterior e o trabalho com as pessoas que vivem no bairro são os três vectores. “… da cidade para o bairro, Um bairro para a cidade!” é o lema do projecto apresentado na tarde desta quinta-feira, no gnration pelo Arquitecto Luís Abreu.
Para além da renovação integral dos blocos, toda a área envolvente será reabilitada. O município quer “esbater todo o tipo de efeito de gueto e reforçar a abertura do espaço para uso colectivo”, disse esta tarde o vereador do Urbanismo, MIguel Bandeira. Este é o primeiro grande projecto do actual executivo num dos bairros sociais do concelho.
“Dentro de 24 meses Santa Tecla poderá começar a respirar tornando-se um bairro visitável”, acredita o administrador da BragaHabit
A inclusão é um dos pontos fortes em que a Câmara de Braga se suporta nesta intervenção. A ideia foi constantemente repetida por todos os intervenientes na apresentação do projecto. Uma inclusão que se pode fazer através do desporto e da cultura, acreditam os técnicos de acção social que no terreno têm trabalhado. Segundo o administrador da BragaHabit, as instituições já estão ligadas e a trabalhar. Além disso, a formação para actividades e a capacitação de pessoas para que no futuro possam ter um emprego também constam da missão deste projecto.
Trazer qualidade de vida para os cidadãos que ali vivem, maioritariamente de etnia cigana e chamar para o exterior da praça jovens e idosos, promovendo o bem estar e a convivência intergeracional é outra das missões. Será construída uma sede para a associação de moradores, o ringue será renovado e os serviços sociais da Câmara Municipal de Braga irão trabalhar com a comunidade cigana na promoção das suas culturas e tradições com o objectivo de para aí atrairem habitantes de diferentes pontos da cidade. Na fase final da obra, um dos edifícios será demolido de forma a destruir a barreira existente para quem ali passa.
A intervenção no espaço físico segundo o Arquitecto Luís Abreu
O Bairro de Santa Tecla existe desde 1979 e é constituído po 182 fogos habitacionais. 181 são propriedade da BragaHabit e apenas um é privado. Nesta reabilitação um dos oito edifícios será demolido, na fase final da obra, depois de todos os moradores estarem devidamente realojados. Da população que ali reside 37% são jovens e 54% população activa.
Com a missão de abrir o bairro à cidade de Braga, o projecto contempla uma renovação total dos edifícios, passeios e jardins, além do ringue desportivo que neste momento está praticamente destruído. A gestão do estacionamento faz parte da obra e o estacionamento desordenado terá de acabar. Para isso, será criada uma zona exclusiva para estacionamento de viaturas na parte traseira dos edifícios. Todos os apartamentos vão sofrer intervenções profundas e serão criadas novas zonas de estar. Os cobertos em amianto desaparecem e os espaços verdes ganham uma nova centralidade.
“Este esforço tem uma dimensão muito imaterial”, salienta Ricardo Rio
Segundo o presidente da Câmara Municipal de Braga, a primeira fase do processo “vai ser a requalificação dos imóveis” com alguns dos habitantes a terem de ser deslocados para outras habitações espalhadas pelos sete edifícios. O realojamento temporário já tem sido discutido com os moradores. O autarca referiu que se trata de uma intervenção profunda, distinta do que foi feito no anterior mandato. No anterior mandato as intervenções realizadas neste bairro foram “paliativas e que não resolveram o grosso dos problemas”, concluiu.
Ricardo Rio assumiu a dimensão imaterial do projecto como “fundamental para que estas comunidades se sintam parte integrante da comunidade em geral”.
Representante da comunidade cigana pede que acabem com o tráfico de droga
Na sessão de apresentação do projecto, além de técnicos e representantes das diferentes associações e instituições que diariamente trabalham com a comunidade deste bairro, foram convidados representantes da comunidade cigana de Braga e do Porto.
No final da apresentação, rasgados elogios ao projecto e às promessas feitas pelos responsáveis políticos e pelo arquitecto, mas um pedido claro e directo por parte de José Matos: “É triste porque existe tráfico de droga e isso mata o bairro, seria bom que fizessem uma limpeza geral”, sugeriu. A restante comunidade cigana ainda não conhece o projecto, mas José Matos admite que se trata de uma obra “importante para toda a comunidade” que agora terá de entender os constrangimentos causados pela longa intervenção.