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“As ULS não podem cometer os erros do passado”

O presidente da Associação Portuguesa de Administradores Hospitalares (APAH) alerta para os desafios que surgem com as novas unidades locais de saúde (ULS). O Hospital de Braga acolheu, esta quinta-feira, o debate ‘A ULS de Braga: integração, proximidade e futuro’, integrado no Dia do Colaborador.

Xavier Barreto é da opinião que os profissionais de saúde e os utentes devem fazer parte do processo de reestruturação da rede de atendimento. “Infelizmente, esta discussão é sempre feita sem os doentes serem ouvidos”, lamenta, pedindo que “não se cometam os erros do passado”.


Para o dirigente da APAH, “o que está em causa, inicialmente, é integração clínica”. Desta forma, no seu entender, deve-se organizar o “caminho dos utentes”, levando em conta as necessidades de cada patologia, “a começar pelas que são prioritárias, como diabetes, hipertensão, doença pulmonar obstrutiva crónica e insuficiência cardíaca”.


Nova organização do SNS é “uma oportunidade histórica”


Desde o primeiro dia de janeiro de 2024, o Serviço Nacional de Saúde passou a organizar o sistema de atendimento em ULS, que integrou hospitais e centros de saúde debaixo de uma única gestão, em substituição das administrações regionais de saúde. Em Braga, a unidade aglutina o hospital e os agrupamentos de centros de saúde Cávado 1 e 2. A nova organização foi colocada em prática com a nomeação de um conselho da administração presidido por Domingos Sousa, antigo diretor executivo do Agrupamento de Centros de Saúde (ACeS) do Cávado I.

Criadas em momentos diferentes, entre os anos de 1999 e 2012, o SNS já teve sob sua gestão oito unidades locais de saúde. A primeira foi em Matosinhos, seguindo-se Norte Alentejano, Guarda, Baixo Alentejo, Alto Minho e Castelo Branco. As ULS Nordeste e Litoral Alentejano foram as últimas a emergir nesse período.

Também presente no evento, o vogal executivo da Unidade Local de Saúde de Braga advertiu que os modelos anteriores não são parâmetros e que é preciso analisar os resultados a médio/longo prazo. “Não houve, efetivamente, uma operação dedicada daquilo que é prestação de cuidados de saúde no país”, sublinha.

Para Fernando Pereira, esta é uma “oportunidade histórica”, por se utilizar o mesmo modelo em todo o país, mas enaltece que é preciso “tempo” para obter melhorias. “Parece-me fundamental que se mantenha esse modelo e que não se invente outra solução daqui a um mês, com as novas eleições, ou em um, três ou cinco anos, porque vamos deitar tudo fora”, alerta.

O membro da ULS de Braga refere que “não vai ser por ganhar aqui e ali uns postos de trabalho ou alguns euros a gerir melhor as equipas ou os serviços de apoio” que se deve concluir que há “uma evolução verdadeiramente positiva na prestão de cuidados de saúde no SNS, que tanta melhoria precisa”.


Oradores alertam para “entropias” e complexidade do sistema

Apesar da reestruturação, uma parte dos recursos humanos da ULS continua a ser gerida em conjunto com a Câmara de Braga. O presidente da autarquia, Ricardo Rio, considera que esta pode ser uma das dificuldades na adequação a este modelo, classificando-a como “um dos grandes desafios”. 


“Uma das entropias que existe é, precisamente, admitir-se que deveria haver uma otimização da gestão de todos os recursos humanos, quando na verdade apenas uma parte destes recursos está a ser gerida pela ULS”, salienta. 

Na mesma linha, o coordenador da Comissão de Trabalhadores do Hospital de Braga lembra que “há muita falta de recursos humanos”. Durante o evento dedicado aos colaboradores, advertiu para a complexidade do sistema. “Estamos num novo paradigma. Se, antes, era uma casa muito grande, era uma cidade dentro de uma cidade, agora ficou ainda maior”, alerta. 


Como foram “acrescentados colaboradores a esta cidade”, continua a metáfora, Camilo Ferreira afirma também que é preciso “articulação” e “esforço” para “recolher os frutos do que tem sido feito”.

*Escrito por Marcelo Hermsdorf e editado por Tiago Barquinha Gonçalves

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