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Alberto Martins, o “tímido” vimaranense que teve papel essencial na crise académica de 1969

Alberto Martins nasceu na cidade de Guimarães no dia 25 de Abril de 1945. Viveu em pleno centro histórico da cidade berço até aos 17 anos, altura em que parte para Coimbra onde começa por ingressar no curso de Medicina, mudando poucos meses depois para o curso de Direito, por influência dos pais. É precisamente na cidade dos estudantes que o jovem Alberto Martins, naquela altura presidente da Associação Académica de Coimbra (AAC) protagoniza um dos momentos mais simbólicos dos estudantes universitários portugueses. O ato foi recordado pelo próprio aos microfones da Rádio Universitária do Minho, esta terça-feira. “A 17 de Abril eu peço a palavra ao chefe de estado, Américo Tomás, no edifício das Matemáticas, sou preso nessa noite e junto à PIDE há mais de duzentos estudantes que se manifestam, que são espancados barbaramente pela polícia de choque. Passado oito dias há a suspensão de oito estudantes, uma forma eufemística de dizer expulsão, e a academia reage, com greve às aulas e com o apoio de professores”, lembra.

Confessa que pouco dormiu na noite anterior, quando ficou decidido que enquanto dirigente da AAC arranjaria uma estratégia para nalgum momento pedir para usar da palavra e falar em nome dos estudantes. Assim que o fez, uma sala praticamente inteira se levantou, olhando na sua direção e seguiu-se um sentido aplauso de dezenas de estudantes que preencheram aquele auditório e os corredores adjacentes. Conseguiria apenas falar já depois da saída dos membros do governo. Já de madrugada, na sede da AAC, foi detido pela PIDE e levado para a prisão. Um momento que desencadeou mais um movimento de solidariedade por parte dos estudantes de Coimbra.

Segue-se uma greve que “dura muito tempo, que envolve professores, que chega à cidade e que tem uma dimensão nacional” já que ainda no mês de Abril o então ministro da Educação surge na televisão onde fala largos minutos, assegurando que a Universidade de Coimbra rapidamente retomaria a normalidade. Mas o objetivo do governo é furado. “Há uma greve às aulas e a exames cumprida por 87% dos nove mil estudantes que abala o regime que depois incorporou cerca de cinquenta estudantes no serviço militar”, entre os quais Alberto Martins. O vimaranense recebeu um forte apoio da família nesse período. Entretanto, a Universidade de Coimbra é encerrada e o esforço da direção foi manter os estudantes em Coimbra, quando a maioria era deslocada e os pais apelavam para que regressassem às suas terras, já que as dificuldades financeiras não permitiam que por ali permanecessem sem aulas. A mobilização fez-se com convívios e com grandes figuras da música, da oposição e do teatro.


A entrevista completa pode entretanto ser escutada em podcast

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