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“Em 30 agressores apenas um reincide em crimes sexuais”
Num universo de 30 agressores sexuais apenas um reincide em crimes desse teor. A afirmação é do professor e investigador da Escola de Psicologia da Universidade do Minho, Rui Abrunhosa Gonçalves. O convidado do programa UM I&D, explica de que forma é que a academia minhota tem vindo a trabalhar com estes agressores. O objectivo é, essencialmente, reeducar para uma integração na sociedade.
O investigador revela que no futuro seria benéfico, de modo a ter dados mais fidedignos, contar com grupos de controlo para assim perceber se realmente os agressores sexuais estão a reincidir no crime. “Uma coisa são os dados oficiais, através desses meios não vejo que eles reincidam. Agora, pode acontecer e não tenho conhecimento. No entanto, o problema dos grupos de controlo, que são frequentes na área da saúde, é que eu tenho de esperar que os agressores sexuais com quem não trabalhei cometam crimes para validar o nosso programa. Algo que do ponto de vista ético é perturbador”, confessa.
Rui Abrunhosa revela também que deste universo de 30 agressores sexuais, entre três a quatro, no final do programa voltaram ao crime, mas não de cariz sexual. Algo invulgar, sendo que este género de agressor é um “especialista do crime sexual” e, por norma, “não comete outros crimes. Contudo, quando isso acontece “o factor de risco aumenta”.
Ora, quais são esses factores de risco que podem determinar a reincidência. “Tipicamente os agressores sexuais têm dificuldade em controlar impulsos que estão muitas vezes associados a consumo de substâncias”, refere.
Neste programa Rui Abrunhosa trabalha de forma individual com agressores que foram condenados pelos tribunais de Braga, Guimarães, Viana do Castelo e por vezes do Porto. Em tratamento estão, actualmente, 20 agressores. Durante todo o período da condenação, na maioria das vezes de pena suspensa, o programa foca três aspectos essenciais: distorções cognitivas, visão adulterada das emoções e prevenção de recaídas.
Rui Abrunhosa anuncia, aos microfones da RUM, que a partir de Fevereiro/Março a UMinho irá implementar um programa em grupo. As novidades não ficam por aqui, uma vez que a academia minhota faz parte de um projecto europeu, o Protect. “Vamos desenvolver um manual de boas práticas para intervenção com agressores sexuais. Trata-se de um trabalho que queremos finalizar até ao final de 2020”, frisa.