ABIC teme que fusão dos ministérios da Educação e Ensino Superior pode ser “sinal de desvalorização”

A Associação dos Bolseiros de Investigação Científica (ABIC) considera que a fusão do ministério do Ensino Superior com o da Educação poderá ser “um sinal político de desvalorização destas áreas”.

No entanto, a principal preocupação da ABIC prende-se com a precariedade que se tem acentuado, no setor.

Ricardo Ferraz, da direção desta Associação, disse, em entrevista à RUM, que a escolha de Fernando Alexandre, ligado à área académica, para tutelar esta pasta não é uma garantia de que os problemas sejam resolvidos.

“Esta extinção (do ministério do Ensino Superior) poderá aprofundar a falta de investimento na ciência e a falta de preocupação com os bolseiros”, explicou. O porta-voz da ABIC esclareceu ainda que, para a Associação, mais do que “o nome ou se é mais ou menos da área” importam “as propostas que vai apresentar”. “Elvira Fortunato era da área da Ciência e, ainda assim, não impediu que tivesse uma visão de que a Ciência devia continuar precária”, acrescentou.

A ABIC lamenta a situação de precariedade em que trabalham 90% dos investigadores e espera que o novo ministro possa substituir os contratos de bolsa por contratos de trabalho. Os bolseiros continuam a aguardar “a integração ou não na carreira de investigação, se se acaba com as bolsas e se contrata” para que tenham acesso a “seguro de saúde ou subsídio de desemprego”.

Para a ABIC, “urge pôr fim aos custos elevadíssimos com taxas, emolumentos e propinas, à ausência de subsídios de férias, de Natal e de refeição, à total ausência de acesso e progressão na carreira científica, ao financiamento público de empresas privadas com a máscara da inovação e integração de doutorados em empresas, à desvalorização da ciência fundamental e à visão mercantilista da investigação científica”.

Fernando Alexandre é o novo protagonista da Educação, Ciência e Inovação, que integrará também as políticas ligadas ao Ensino Superior.