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A violência doméstica no palco da Casa das Artes
“Onde o frio se demora” é a história de três vidas reais contadas em palco. Três mulheres distintas mas com muito em comum: amores difíceis, solidão e violência doméstica, que sobem esta noite ao palco do grande auditório da Casa das Artes de Vila Nova de Famalicão pela interpretação de Margarida Carvalho.
A peça teatral que marca a estreia da jornalista Ana Cristina Pereira, do jornal Público, nos palcos resulta “de um ciclo de entrevistas a cinco mulheres de diferentes idades, de diferentes estratos sociais, com diferentes graus de instrução”, contou a encenadora Luísa Pinto que depois acabou por levar a cena três histórias reais.
“São três mulheres. A primeira tem 30 anos, sofreu de violência doméstica. Juntou-se muito jovem ao agressor, pai dos dois filhos, e relata tudo o que viveu. A segunda mulher, tem 44 anos, fala de desamores. Não tem capacidade para amar nem para ser amada. É muito insegura e vive nessa angústia de chegar a esta idade e estar completamente só e de ver a sua vida nada concretizada ao nível dos afectos. Depois temos uma terceira mulher, com 73 anos, que sofre de Alzheimer. Foi amante de um homem casado, durante mais de 30 anos, e esperou que a mulher desse homem morresse para se juntar a ele e chegou a esta idade e, com a doença, nem sabe se ele é vivo ou não. O certo é que ela também não concretizou a sua vida no que diz respeito aos afectos na plenitude. Não se concretizou como família, não teve filhos, não conseguiu nunca ter por inteiro o homem que foi o grande amor da vida dela e isso é muito doloroso, porque é uma mulher profundamente só”, contou a encenadora.
Luísa Pinto diz que este espetáculo não é uma tragédia, mas um drama: “um alerta para a violência domèstica que ganha mais força em palco”.
“Tem um tom de reflexão sobre este tema tão universal que nos chega todos os dias pelas notícias e em palco, estas três histórias reais atingem uma amplitude poética que nos toca com mais eficácia”, assume a encenadora.
Ainda assim há uma mensagem de esperança: “O Peixe (guitarrista ex-Ornatos Violeta e Pluto), na sua música, além de acompanhar o drama, traz uma luz e uma esperança de que a sociedade se torne um pouco melhor”.