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Pais da Escola da Sé acusam CMB de “atentado a direito das crianças” por não terem recreio
Um grupo de pais de alunos da Escola Básica da Sé, em Braga, voltou a manifestar-se, ontem, na reunião do executivo, contra o facto de os alunos daquela escola não ter um espaço exterior para brincar, devido às obras em curso.
Helena Trigo, mão de um aluno do 4.º ano, acusou o executivo de estar a cometer um “crime e um atentado a um direito fundamental das crianças”. A escola é frequentada por 214 crianças que, neste momento, têm um espaço de 200 metros quadrados para brincar. Nesse sentido, a vereadora da Educação, Carla Sepúlveda, adiantou que serão acrescentados 85 metros quadrados ao recreio, no imediato. A solução não agrada os pais, que falam em “solução de fachada, que não soluciona nada”.
A ambição era conseguir aceder ao espaço contíguo à escola, em frente ao Largo das Carvalheiras, ou na parte de cima, no logradouro da Capela de S. Sebastião.
Helena Trigo criticou ainda “a falta de planeamento da obra” e alertou para o impacto que o ruído provoca nas avaliações. “Aceitaram interromper a obra em dias de provas de aferição, mas isso é uma descriminação, porque essas crianças não são mais do que aqueles que fazem testes”, atirou. Segundo esta mãe, há já casos de alunos que “recursam ir para a escola”.
Cristina Marques também tem um filho no 4.º ano de escolaridade e queria que as crianças finalistas tivessem a oportunidade de “criar uma boa memória desta escola”, antes de terminarem o ano.
Oposição critica falta de planeamento do executivo
O assunto foi também levantado pelo PS e pela CDU. Ricardo Sousa apelou ao executivo para que em situações futuras “se pense nestes constrangimentos”, questionando se haveria possibilidade de transferir os alunos para outra escola ou pensar em alternativas de recreio.
“Tudo isto é um empurrar de barriga relativamente a uma intervenção que era necessária, mas que devia ter sido planeada”, completou Artur Feio.
Já Vítor Rodrigues, vereador da CDU, considera que a solução apresentada pela maioria de direita, relativamente ao acréscimo de 85 metros quadrados, “revela inoperância e atabalhoamento na maneira como estas obras andaram para a frente”. “Esta é uma situação que tinha que ser acautelada. O que faltou foi vontade política do município para que isto não ocorresse. Estas crianças saem de dois anos de pandemia para uma situação em que não têm recreio exterior e isso tem reflexos no seu desenvolvimento”, atirou o comunista.
Vereadora da Educação alega falta de segurança nas Carvalheiras e diz que espaço na capela de S. Sebastião foi recusado pela direção da Escola
Na resposta, o presidente da Câmara, Ricardo Rio, lembrou que “as obras implicam sempre transtornos”. “Neste caso, atendendo à tipologia, as obras foram consideradas compatíveis com a atividade letiva”, justificou. O autarca explicou ainda que o ruído provocado pela empreitada “não supera os limites legais” e que “nunca foi solicitado que a obra fosse interrompida para a realização de provas de avaliação”, porque, nesse caso, teria sido aceite de imediato, tal como aconteceu com o pedido relativo às provas de aferição.
“Nós, Câmara, não mandamos na escola. A escola é uma negociação entre a autarquia, a direção do agrupamento e a associação de pais”, começou por dizer a vereadora que tutela a Educação.
Quanto às possibilidades para o recreio, Carla Sepúlveda explicou que “a parte das Carvalheiras não pode ser usada por questões de segurança, como é exemplo a altura das grades, e por causa de pedidos prévios, que não foram feitos”. “Foi colocada a possibilidade de usar o logradouro da capela de S. Sebastião, porque tem as condições de segurança mínimas, mas a direção da escola e a coordenadora decidiram não aceitar”, disse ainda. Segundo apurou a RUM, esta possibilidade implicava que os alunos saíssem da escola, pelo acesso principal, e subissem a rua até à parte das traseiras do edifício.
Helena Trigo contestou estas declarações e referiu que “este problema não existia se a Câmara tivesse planeado a obra na escola”, lamentando ainda que o recinto junto às Carvalheiras não esteja disponível para as crianças, mas seja usado na Braga Romana.
As obras na Escola da Sé deverão estar concluídas dentro de duas a três semanas e segundo o presidente Ricardo Rio, no início do próximo ano letivo, já não haverá constrangimentos quanto ao espaço do recreio.