Miguel. O ucraniano que superou o alcoolismo por um “amor eterno”

O Centro de Acolhimento Temporário (CAT) da Cruz Vermelha de Braga tem as 45 vagas sempre lotadas e conta já com lista de espera. Catarina Santos, coordenadora do CAT, contou, no 2.º episódio do ‘Histórias com Impacto’, o percurso de um ex-utente ucraniano, a quem chamaremos Miguel, que, no seu entender, é “uma história de amor eterno”.

Miguel chegou a Portugal, em 2001, com a esposa e acabariam por encontrar uma nova vida em Braga, onde fizeram amigos, arranjaram trabalho e “viviam com tranquilidade”.

A mulher adoeceu e acabou por falecer e este foi “um momento de viragem para o Miguel”. Começou a consumir álcool, “foi-se isolando, acabou por perder o trabalho e por cair na rua, porque perdeu a capacidade financeira de pagar o alojamento que tinha”. “Nós encontramos o Miguel já muito em fim de linha, com muitas doenças associadas”, lembra Catarina Santos. Este cidadão estava ilegal em Portugal, “não tinha identificação no Sistema Nacional de Saúde” e, por isso, “não se conseguia um tratamento estruturado ao nível do alcoolismo”.

Em 2014, foi-lhe aberto um processo de expulsão do país, mas ele não queria deixar Portugal, porque “todos os dias tinha que ir ao cemitério ver a mulher”. A Cruz Vermelha de Braga pediu uma reapreciação do processo “por razões humanitárias”, que acabou por ser aceite.

“Atualmente, o Miguel está integrado já numa fase final de um tratamento ao nível da reinserção social, já não consome álcool há muito tempo e está feliz por estar presente”, afirmou a coordenadora.

O CAT tem capacidade para acolher “45 pessoas” e está sempre “lotado”, havendo já uma lista de espera. “Cada vez mais sentimos necessidade de dar resposta. Durante o ano conseguimos acompanhar cerca de 80 a 90 pessoas”, finalizou Catarina Santos. 

Pode ouvir a história em podcast.