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Os temas que marcaram o debate entre os dois candidatos à Direção da AAUMinho
Os candidatos das listas A e H, Margarida Isaías e Luís Pereira, já iniciaram o debate de ideias moderado pela jornalista da RUM, Vanessa Batista. A lista A representa a continuidade, enquanto que a lista H pretende romper com o passado.
Residências universitárias, reforço de ação social escolar, propinas, alunos com necessidades especiais e representatividade dos estudantes nos órgãos da Universidade do Minho foram alguns dos temas abordados no debate que durou cerca de uma hora e meia e que foi realizado a partir do Auditório A1 do Campus de Gualtar, em Braga.
A campanha prossegue até à próxima segunda-feira, dia 4 de dezembro, seguindo-se o dia de reflexão e o dia das eleições, na quarta-feira, 6 de dezembro.
Além das duas listas à direção, os restantes órgãos de governo – Mesa da RGA e Conselho Fiscal e Jurisdicional, – contam igualmente na corrida com duas listas cada um.
No debate desta manhã o primeiro assunto a ser debatido foi o alojamento estudantil, “um problema nacional” e “uma grande prioridade para a associação académica”, começou por afiançar Margarida Isaías que admite a “urgência” de criação de novas camas, assim como uma reabilitação das residências atuais.
Residências universitárias. O que está a ser feito? Quais são as necessidades?
A estudante de Medicina explica que os edifícios da Confiança, em Braga, e de Santa Luzia, em Guimarães vão responder a estas fragilidades. Admite também que os atrasos relacionados com o processo de definição da empresa que vai construir a residência Confiança causam alguma apreensão.
Neste ponto, Luís Pereira diz igualmente estar “preocupado” já que estas novas residências “estão a ser prometidas desde 2018”. Considera que é preciso apoiar os estudantes que mais carecem destas respostas. “Ter um teto enquanto estamos na universidade é o mínimo”, avisa.
Ainda sobre estes projetos, que terão apoio do PRR, e dos municípios, Margarida Isaías considera que a força das direções da AAUMinho foi importante para esta primeira conquista de identificação de um problema e de edifícios que poderiam fazer parte da solução.
A manifestação organizada por um grupo de estudantes na semana passada à porta da reitoria foi um dos temas abordados. Em causa estavam as condições deficitárias das atuais residências onde há muito se reivindicam trabalhos de melhoria. A ação não contou com o apoio da direção da AAUMinho, mas nesta medida, a presidente e recandidata ao cargo explicou que na RGA onde o tema da manifestação foi levantado por um conjunto de estudantes, foi aprovada uma outra moção “mais completa” àquele que um grupo de estudantes apresentava e onde se incluia a ação de luta. Sobre a proposta aprovada, referiu que a mesma notava os investimentos a realizar nas residências atuais, mas não constava essa manifestação. Também por essa razão argumentou que a opção da atual direção da AAUM a que preside optou por “respeitar” aquela que foi a moção aprovada em sede de Reunião Geral de Alunos.
Por conseguinte o candidato da Lista H, defensor da ação de luta que teve lugar à porta da reitoria no dia 22 “já teve efeitos”. “Logo umas horinhas depois trocaram lâmpadas”, atirou Luís Pereira que considera que a manifestação teve “resultados imediatos” que podiam ser ainda mais evidentes “caso a direção da AAUMinho participasse na manifestação”. Margarida Isaías completou referindo que as reivindicações para as residências já vinham sendo feitas pela direção, desvalorizando que estas pequenas reparações sejam apenas fruto da manifestação da semana passada.
O candidato da lista H considera que o diálogo entre estudantes e instituições e governo é “insuficiente”, exigindo-se ações de luta para resultados práticos. “A luta de secretária não traz efeitos nenhuns”, na opinião do estudante de Direito.
Entretanto, a candidata da lista A aproveitou para anunciar que o aumento da frequência das linhas TUB junto à residência de Santa Tecla, em Braga, foi ontem mesmo assegurada à direção da Associação Académica, uma reivindicação que vinha sendo feita pela estrutura estudantil junto do município de Braga e da Universidade do Minho.
Propinas
Sobre a devolução da propina nos primeiros anos de trabalho proposta pelo governo socialista, Margarida Isaías refere que os estudantes necessitam deste apoio, mas “quando entram no ensino superior”. Já Luís Pereira fala numa medida que é “uma hipocrisia descarada”. “Temos de ser fortes para vincar as nossas posições e defender aquilo que é nosso por direito. Não podemos estar com meias medidas no que são os direitos dos estudantes. Nenhum estudante pode ser impossibilitado de aceder ao ensino superior”, argumentou, referindo-se à defesa do fim imediato da propina.
Aumento dos preços do alojamento, alimentação e serviços desportivos implementado pelos SASUM em outubro criticado pelos dois candidatos
A lista A considera que é preciso analisar o impacto destes aumentos, nomeadamente com a quantificação dos estudantes que podem ter deixado de recorrer a estes serviços por força do aumento de preços.
A estudante de Medicina fala de “um retrocesso” apesar de reconhecer as dificuldades financeiras dos Serviços de Ação Social da Universidade do Minho. “O Estado acha que custa 100 euros ter um quarto para um estudante bolseiro. Isto não chega e depois não há dinheiro para requalificar”, nota. Sobre o aumento do preço das senhas classifica-o mesmo como “berrante” e assume que já não existem filas para a cantina, queixas que se verificavam antes deste aumento de preços. “Há uma redução e isto é grave e preocupante, precisamos de reverter esta situação”, avisa.
Já o candidato da lista H exige mais microondas nos edifícios porque os estudantes recorrem cada vez mais à marmita. “O custo de vida está a aumentar”, lembrou o aluno que também admite que a nova aplicação e a obrigatoriedade de marcar a refeição com uma distância de 12 horas não ajuda. “A fila não é menor porque há mais recursos humanos, é mesmo por causa dos preços”, avisa, explicando que o preço das senhas deve sofrer uma redução imediata.
Margarida Isaías considera ainda que além do reforço dos microondas são necessárias mesas e cadeiras já que muitos estudantes comem as suas refeições no campus sem condições dignas e confortáveis.
Mobilidade. Ligação entre campus de Gualtar e campus de Azurém, o que exige cada uma das candidaturas
A lista A defende “uma linha de transportes direta, adequada e que não seja da responsabilidade da Associação Académica” que tem garantido um serviço de transportes “financeiramente difícil”, uma vez que cobra metade do preço da concorrência”.
“Tentamos fazer o máximo com aquilo que temos e todas as semanas nos pedem que melhoremos o serviço”, analisa. A atual direção está ainda em “conversações” com a Comunidade Intermunicipal do Cávado, notou.
Nesta matéria a lista H elogia “o grande trabalho” da atual direção. “É um serviço muito necessário. Consideramos que é preciso um passe intermodal, uma política dos órgãos dos municípios e da CIM” que apresente uma modalidade única para o transporte dos estudantes entre cidades, sugere. O trabalhador estudante considerou também que o pass sub-23 precisa “rapidamente de entrar em funcionamento” para desonerar a AAUMinho. “Os municípios já ganham muito com a presença dos estudantes nestas cidades”, diz Luís Pereira, exigindo assim uma postura mais pro-ativa das próprias autarquias.
Na mobilidade interna das cidades, Guimarães apresenta desde este ano a gratuitidade para os estudantes da UMinho. A medida será igualmente implementada nos TUB, em Braga, a partir de janeiro de 2024.
Valores das propinas dos estudantes internacionais
Na ótica das duas candidaturas, os estudantes internacionais”são muito prejudicados” e a estratégia das universidasdes deve ser alterada. A Lista H defende o fim da propina também para estes estudantes assim como “uma melhor integração”, nomeadamente com as dificuldades na língua e sugere para isso “um grupo de apoio especializado”.
A lista A, liderada por Margarida Isaías considera que há dois tipos de problemas já que há estudantes internacionais, estudantes de mobilidade, estudantes Erasmus e estudantes PALOP (Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa). O valor das propinas, admite, “é muito elevado” com a UMinho a aproveitar a frequência destes alunos para “ajudar a pagar contas”. “Não tínhamos ideia das dificuldades dos estudantes PALOP e rapidamente discutimos e conversamos para encontrar soluções”, explicou, referindo que o programa da lista A está mais atento e vai promover um apoio mais regular a estes membros. “É no ensino superior que temos o contacto com a diversidade. Não nos ensinaram como é que crescemos juntos”, reconhece para logo acrescentar que os serviços internacionais da UMinho muitas vezes “não sabem responder”, daí exigir à universidade outro modelo que ajude efetivamente os alunos, nomeadamente os PALOP.
Representatividade dos estudantes no Conselho Geral da Universidade do Minho. Modelo levantado é arrasado pelos candidatos
Margarida Isaías sublinha que os estudantes “são a base da universidade”, exigindo-se o aumento da representatividade dos estudantes, e não o seu oposto, condenando o facto de o Conselho Geral estar a considerar reduzir a representatividade já que se propôs o aumento da representatividade dos restantes elementos e a manutenção do número de estudantes. A atual da direção da AAUMinho exige a revisão deste ponto que será entretanto enviada para consulta pública.
Luís Pereira diz que a representatividade dos estudantes é sempre prejudicada e que “este apagar da voz dos estudantes” vai continuar na democracia da Academia se esta proposta for implementada. “Temos muito mais entidades externas representadas. Afinal a universidade é dos estudantes ou não? Estão a apagar a voz dos alunos. É totalmente anti-democrático”, condena. “Se queremos uma universidade verdadeiramente democrática, exige-se uma revisão do RJIES”, mas também do regime fundacional, nota ainda.
84% de abstenção nas eleições de 2022. O que está a faltar para despertar o interesse dos estudantes
Luís Pereira fala numa “desconexão” do funcionamento da UMinho, da AAUMinho e da organização da própria academia. O candidato da Lista H diz que não necessários “mecanismos” e ações. “A forma como se luta pelo ensino superior, esta luta de secretária, exclui os estudantes. Se a AAUMinho mobilizar os estudantes e mostrar que unidos temos força, conseguimos estimular a atividade democrática. Há um desligamento enorme. É preciso mostrar que está na mão deles, é importante fugir desta atuação que distancia os estudantes”, propõe.
Margarida Isaías admite que “é um velho tópico” e considera que a abstenção deve ser trabalhada durante o ano pela AAUMinho a mostrar um bom trabalho e a incluir. Nota também que o trabalho de secretária é importante, assim como é importante sentar com os estudantes e discutir. Depois, acrescenta, na campanha é muito positivo duas listas candidatas pela discussão que traz. “Enquanto lista A damos a conhecer a lista, a associação académica, o que pode dar aos estudantes e a importância de votarem”, argumentou.
Sede da AAUMinho no campus de Gualtar
O assunto é velho. Margarida Isaías revelou que a atual direção à qual preside está a aguardar o licenciamento para fechar o projeto e lançar o concurso público. “Paralelamente estamos à procura de parceiros que nos ajudem a construir a sede. Já temos alguns frutos”, admite ainda que considera que falar num projeto para 2024 “é ser muito otimista”.
Sede da AAUMinho em Azurém pronta há um ano mas ainda fechada à academia
A presidente e recandidata diz que falta a videovigiliância, que será incluída numa candidatura alargada da Universidade do Minho, e que este é o ponto que está a impedir esta reabertura, a par da falta de climatização do edifício. Só depois do concurso público aberto pela universidade é que será reaberta a sede, com Margarida Isaías a apontar para “o próximo semestre”.
O estudante de Direito diz que “é difícil” comentar este assunto quando os estudantes não podem aceder a qualquer documentação, nomeadamente do projeto em curso para a sede de Gualtar, mas assume que é “premente” um edifício da AAUMinho mais próximo dos estudantes. Sobre a sede de Guimarães, elogia a requalificação.
Assédio na Universidade do Minho
O candidato da lista H fala de um “problema social” e elogia o anúncio do lançamento de uma plataforma de apoio. “É preciso encorajar a denunciar e assegurar plataformas de apoio a estes estudantes para destruir esta realidade violenta”, admite o estudante do segundo ano da licenciatura em Direito.
Margarida Isaías lembra que a UMinho “foi pioneira” na definição de uma estratégia para a prevenção do assédio. A candidata da lista A estima que o financiamento governamental prometido nestas matérias contribua para um trabalho mais envolvente por parte das universidades.
Saída da AAUMinho do ENDA divide candidatos
O candidato da lista H lembra que participam a maioria das académicas do país no (ENDA) Encontro Nacional de Dirigentes Associativos e, por isso, refere que “não faz sentido que uma associação que defende o diálogo saia de um espaço onde isso se pode fazer”. “Uma associação académica isolada não tem a mesma força. É um espaço que tem problemas, concordo, mas não perdemos nada em estar no ENDA”, sustenta.
A candidata da Lista A apresenta uma visão distinta. Diz que o ENDA tem como objetivo promover a discussão e tomar posições que são vinculativas e enviadas aos órgãos de governo, mas não dá a mesma valorização a todas as estruturas.
“Este ano a decisão foi a RGA e os estudantes concordaram. Os estudantes da UMinho estão a ser prejudicados e as suas considerações não chegam a quem de direito. A AAUMinho tem um voto enquanto a FAP tem 25 votos. Nós representamos 25% dos estudantes e temos apenas um peso de 10%. Só levamos as dificuldades de Porto e Lisboa. As académicas que não estão nestas duas grandes cidades não são ouvidas. Mas saímos e continuamos a estar comprometidos com as associações e as federações que lá estão. O movimento CAAP (Conselho de Associações Académicas Portuguesas) não nos impede de levar as nossas posições, antes pelo contrário”, argumenta.
Abertura a questões da plateia
Questão de Estudante de primeiro ano de Ciência Política. É necessário tomar o lado da luta ou o lado do diálogo?
Margarida Isaías defende um equilíbrio e tudo depende do momento, dos temas e das circunstâncias. “Sou completamente a favor de realizar uma manifestação, mas valorizamos muito o diálogo”, nota.
Luís Pereira considera “necessária e fulcral incluir a luta e não excluir” porque nem sempre o diálogo dá respostas. “A apatia combate-se com o diálogo mas também com a luta”, finaliza.
Questão estudante José Eduardo. No Parlamento todos têm a sua voz ainda que representatividades distintas. Porquê sair do ENDA?
Margarida Isaías insiste que Porto e Lisboa conseguem fazer passar posições sem diálogo e diz também que são muito mais ouvidos, nomeadamente pela comunicação social nacional. Continuarmos [no ENDA] é deixar ainda mais que estas posições destas grandes universidades sejam tomadas. Esta nossa saída é uma forma de manifestação para tentar mudar. Se for possível voltaremos ao ENDA. Queremos entrar, mas com condições”, assevera.
Luís Pereira insiste que estar no ENDA é sempre uma hipótese. Concorda com a CAAP como descontento, mas refere que não implica sair do ENDA.
Soraia Fiusa. Emprego jovem, empreendedorismo não surgem no manifesto da lista H. Estes aspetos não são importantes para os estudantes da Academia?
Em resposta, o candidato da lista H diz que não é colocado qualquer entrave a estes parâmetros, mas diz que o manifesto eleitoral está voltado para assuntos específicos com problemas atuais e imediatos dos estudantes. “Não é uma prioridade. São problemas estruturais que devem ser abordados numa fase inicial para depois fazer o resto”, justifica. Entendimento diferente tem a candidata da Lista A que diz que os estudantes precisam de se preparar para entrar no mercado de trabalho. “É um trabalho que a AAUMinho tem feito muito bem, nomeadamente com uma das maiores feiras de emprego promovidas por estudantes universitários”, resumiu.
Questão da candidata da lista A ao candidato da lista H. O número de elementos da direção reduz para 16 caso a lista H vença. Porquê?
A estrutura atual da direção da AAUMinho é composta por 35 dirigentes, é “diversificada e trabalha diferentes temas”, questionando como é que com 16 dirigentes será possível manter a carga de trabalho e de compromissos que já vão sendo historicamente assumidos pela estrutura estudantil.
Ora, Luís Pereira justifica esta proposta com a “capacidade das pessoas escolhidas”, acrescentando que se trata de uma equipa composta por “estudantes normais e não de elites políticas”. O comentário final mereceu a indignação de Margarida Isaías que assumiu até “não entender o termo”, além de ficar “preocupada” com o desenho da lista H.
Questão Luís Pereira. Que propostas tem a lista A para os estudantes com necessidades especiais?
Sobre os estudantes com necessidades específicas, Margarida Isaías assegurou que são “uma prioridade” para a candidatura que encabeça e lembrou que os elementos da atual direção dedicaram uma semana de trabalho ao tema, envolvendo estudantes e docentes.
As eleições para os órgãos sociais da Associação Académica da Universidade do Minho estão agendadas para 6 de dezembro. Os estudantes podem votar através da plataforma online evotUM.