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Estudo. Maioria dos bracarenses tem opinião positiva sobre o turismo na cidade
Os bracarenses parecem estar satisfeitos com o turismo na cidade de Braga. De acordo com um estudo desenvolvido pela Universidade Católica Portuguesa, a pedido da Associação Empresarial de Braga, e apresentado esta segunda-feira, “89% dos residentes inquiridos têm uma opinião positiva ou muito positiva” da atividade turística no concelho. Além disso, “84% diz que ainda há espaço para esta atividade crescer, com algumas limitações, em termos da época do ano, por exemplo”.
Carla Cardoso, uma das professoras responsáveis pelo estudo, enalteceu “os números positivos” do turismo em Braga, que apontam para “o melhor ano de sempre”, em 2023. “Braga é um destino da região do Cávado com uma cota de 61% no total do número de dormidas da região e é o terceiro município mais procurado no Norte, depois de Porto e Gaia”, acrescentou.
Segundo o estudo, 1,5% dos inquiridos tem uma perceção negativa do turismo e 9,3% nem positiva, nem negativa.
Ana Salazar, outra das responsáveis pelo estudo, destaca os aspetos socioculturais positivos, desde logo “as atividades de lazer e eventos e a revitalização das artes, artesanatos, tradições”.“Em termos económicos, a questão do comércio foi a que teve uma pontuação mais elevada, seguida do investimento em novos negócios e mais oportunidades de emprego”. acrescentou.
Em termos ambientais, a revitalização do património foi o aspeto mais valorizado pelos inquiridos.
No entanto, há também constrangimentos provocados pela atividade turística, como “a sobrelotação das lojas, de restaurantes, alguma perda de população nos centros históricos, alguma perda da autenticidade local, a especulação imobiliária, o aumento dos preços, o tráfego, o ruído e a poluição”.
Questionados sobre a as primeiras duas palavras em que pensam quando se fala em turismo de Braga, a maioria referiu: Sé e Cultura. Cerca de 43% dos inquiridos diz ainda não ter havido efeitos negativos que justificassem alteração de comportamentos,
Cartão Braga para Residentes e parcerias estratégicas entre as recomendações para potenciar o turismo
O estudo apurou ainda a opinião sobre a cidade enquanto destino turístico e a resposta mais frequente foi a de que “Braga é uma cidade acolhedora”. Destaque ainda para a atratividade e a notoriedade que o turismo dá à cidade. “A perceção geral do turismo também é influenciada pela questão da notoriedade que Braga tem enquanto destino turístico”, explicou Ana Salazar.
O inquérito permitia ainda, num espaço aberto, apresentar comentários e sugestões dos residentes. Neste campo, surgiram respostas como “o turismo é a alma da cidade”, “falta um museu único sobre o barroco e outro sobre arte contemporânea” ou “dever-se-ia triplicar o número de funcionários da limpeza”.
Depois de analisados os dados, a Universidade Católica deixa algumas recomendações, agrupadas em “seis grandes prioridades: comunicação e sensibilização; economia local; conhecimento; experiências autênticas, programas de voluntariado e intercâmbio cultural e sustentabilidade”.
Entre as muitas propostas, surge, por exemplo, a criação de boletins informativos e realização de cursos de cultura local, criação do cartão Braga para residentes, com acesso a experiências e iniciativas de forma gratuita ou a preço especial, espaços Pop-Up, onde os visitantes possam comprar produtos locais, ou promover uma rota pedonal pelas lojas com história. A criação de oficinas culturais, onde os visitantes podem aprender a criar produtos tradicionais, ou experiências gastronómicas, com jantares em casas de famílias voluntárias, estão também entre as sugestões para potenciar a atividade turística em Braga.
“Ao nível do conhecimento é necessário, sobretudo, fomentar as parcerias estratégicas. O papel das universidades poderá ser importante, sobretudo, para a questão do desenvolvimento de estudos e fomentar o intercâmbio cultural, que promove a mobilidade de estudantes e artistas”, acrescentou Carla Cardoso.
“O desafio é continuar a tirar o máximo de partido do setor, sem por em causa a qualidade de vida dos residentes”
A este propósito, Rui Marques, diretor geral da AEB, referiu que “se Erasmus fosse um país, seria o segundo mercado emissor mais importante do ponto de vista das estadias em Braga”. “O desafio é continuar a tirar o máximo de partido do setor, sem por em causa a qualidade de vida dos residentes. Braga tem sido um exemplo e temos que continuar a crescer e manter o equilíbrio”, frisou. Segundo Rui Marques, os contributos serão articulados com os agentes económicos e o município, no sentido de estruturar o plano para desenvolver o setor.
Para António Barroso, adjunto do presidente da Câmara de Braga, o estudo mostra que “o turismo é bom para Braga e para os bracarenses”.
“O desafio está entre os residentes e o turismo. Braga tem vindo a crescer de forma acelerada, mas tem que continuar a trabalhar o equilíbrio”, disse o responsável. António Barroso destacou ainda a relevância do tema para os bracarenses e o sentido de pertença, que considera “fundamental para manter a autenticidade de Braga”. Estes dados, acrescentou, serão “incluídos no plano de atividades da equipa do turismo e serão objeto de reflexão em outros fóruns”.
Varico Pereira, vice-presidente da AEB, detalhou que este estudo foi encomendado “no âmbito do projeto ‘Braga Cidade Autêntica’, que é financiado pela Linha de Apoio à Sustentabilidade, promovida pelo Turismo de Portugal”. “Estamos perante um estudo pioneiro” e a Associação Empresarial entende que o turismo “é estratégico para o desenvolvimento da cidade de Braga, da economia e da sociedade”. “Em 2020, a Comissão Europeia estimava que, por cada euro gerado no turismo, o incremento nas restantes atividades económicas era de 56 cêntimos. Em Portugal, a OCDE estima que cada euro gasto por turistas gera 79 cêntimos de valor acrescentado”, afirmou.
“Braga tem enorme potencial de crescimento e vamos conseguir mantendo esta equilíbrio”, concluiu Rui Marques.
Foram inquiridos 323 residentes de Braga, de todas as freguesias, com mais de 18 anos.
No primeiro semestre deste ano, regista-se, face ao mesmo período de 2022, um aumento de 6,3% de dormidas, 7,8% de hóspedes e a estadia média é de 1,9 noites,