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Desigualdades na Feira Semanal de Braga originam petição
Uma feira a dois ritmos. É assim que, de um modo geral, os comerciantes da Feira Semanal de Braga descrevem o certame. A 19 de Maio os feirantes voltaram à Estrada Nacional 101 (Braga-Guimarães) junto ao Estádio 1º de Maio. Recorde-se que a feira estava suspensa, devido à pandemia de Covid-19, desde Março.
Quase três meses depois, os comerciantes denunciam aquilo que consideram “injustiças”. Em causa está o facto de os feirantes que estavam no sopé do monte Picoto continuarem isentos das taxas de ocupação, sendo que já não estão no terreno de terra batida.
Insatisfeito, um grupo de comerciantes avançou com uma petição que será apresentada ao presidente da Câmara Municipal de Braga e à InvestBraga.
Feirantes falam em falta de ajudas da parte do Município de Braga.
Há 25 anos que Amélia Oliveira vende calçado na Feira Semanal de Braga. Em declarações à Universitária, a comerciante explica que, em comparação com outras autarquias, a Câmara de Braga ficou aquém das expectativas.
“Em Ponte de Lima estamos isentos das taxas de ocupação até ao final do ano. Em Viana do Castelo não vamos pagar até Setembro, mas caso o negócio continue fraco o município já garantiu que nos vai isentar até ao final de 2020. Aqui, em Braga, só não pagamos as feiras que não fizemos”, ou seja, no mês de Março.
Para além disso, a feirante não compreende o porquê de existirem comerciantes que não pagam para vender na feira. Já assinou a petição que está a circular e que nasceu do crescente descontentamento dos vendedores.
As mesmas reclamações surgiram da boca de Hugo Teixeira, que marca presença na Feira Semanal para comercializar enchidos, queijos entre outros. O jovem feirante denuncia que foi obrigado a pagar “juros” pelo tempo em que não exerceu a sua actividade por causa do vírus SARS-COV-2.
Já Isabel Amaral acusa os responsáveis pela Feira Semanal de “má organização do espaço e falta de competência”. “Hoje cheguei aqui e não tinha espaço para estacionar a minha carrinha para montar a banca. Tive de a deixar longe”, revela.
Além do mais, sempre que são feitas novas marcações para instalar as tendas, as alterações não são comunicadas. “Devem avisar. Têm os nossos e-mails e telefones. Só quando chegamos e já temos tudo montado é que nos dizem que temos de deslocar o espaço um metro ou dois”, refere. Isabel Amaral garante que vai assinar a petição, uma vez que não faz sentido “metade da feira pagar taxas e outra não pagar nada”.
Mesmo quem não paga aponta falhas e equaciona desistir da Feira Semanal de Braga.
Aurora Oliveira é uma das comerciantes que continua isenta do pagamento da taxa de ocupação, visto que estava no sopé do monte Picoto. Uma mudança “provisória”, uma vez que o espaço de terra batida iria entrar em obras. Até ao momento as intervenções não arrancaram.
“O presidente não olhou pelos feirantes. Puseram-nos neste buraco. Lá ainda vendia porque as pessoas passavam, mas aqui está péssimo. Já vim para Braga e não vendi um único artigo”, lamenta.
Sem vender e com despesas para pagar a feirante está a ponderar deixar de vir para Braga. A decisão será tomada até Setembro.
Associação de Feirantes do distrito do Porto, Douro e Minho não tem garantias sobre início das obras no sopé do monte Picoto.
A RUM conversou com Artur Andrade, feirante e presidente da associação, que adiantou que as últimas informações que tem sobre o início das obras no sopé do monte Picoto são de “há meio ano”.
Já sobre o facto de alguns feirantes continuarem isentos das taxas de ocupação na Feira Semanal de Braga, o presidente da Associação de Feirantes do distrito do Porto, Douro e Minho, explica que conversou com o administrador executivo da InvestBraga, Carlos Silva, que referiu que essa foi uma decisão da autarquia.
A posição da InvestBraga foi “inflexível”, uma vez que é mais fácil colocar toda a gente a pagar do que isentar toda a gente”.
Queixas estendem-se à falta de policiamento.
O presidente da Associação de Feirantes do distrito do Porto, Douro e Minho diz ficar surpreendido quando vê “polícias municipais sem máscara” na entrada da feira. Uma atitude que não faz sentido, na óptica de Artur Andrade, visto que devem ser as autoridades públicas a dar o exemplo aos cidadãos.
“Nós temos as bancas com gel desinfetante, estamos todos equipados com máscara ou viseira, mas existem pessoas que entram na feira sem equipamentos de protecção e violam as normas. Os polícias municipais deviam fazer rondas e sensibilizar as pessoas”, afirma.
Hoje mesmo Isabel Amaral teve fregueses sem máscara na sua banca. “Acabamos por vender as nossas”, ou então, em muitos casos acabam por facilitar. O mesmo com o gel desinfetante. Como não existem nas entradas e saídas da feira deixam os clientes usarem os seus. “A polícia não faz nada”, garante.