Braga: cabo de fibra óptica acumulou lixo durante uma década

(Em Actualização) A colocação indevida de um cabo de fibra óptica, há aproximadamente dez anos, para o projecto Braga Digital originou a acumulação de toneladas de lixo que acabaram, no dia 9 deste mês, por obstruir o colector da Agere junto às piscinas da rodovia, num espaço de 1 km até à Avenida S. Bartolomeu dos Mártires.

A Agere teve seis dias de trabalho ininterrupto para desobstruir a conduta de saneamento.

Esta manhã, em conferência de imprensa, a autarquia disse desconhecer, para já, quem terão sido os responsáveis pela instalação indevida. Rui Morais, administrador da Agere explicou que o cabo de fibra óptica colocado dentro do emissário que passa naquela zona “originou a obstrução”, mas admite que “foi uma surpresa” encontrar este cabo no colector até porque “não existe dentro da Agere qualquer autorização para que um cabo de fibra óptica passe dentro deste ou de qualquer outro emissário”.

Rui Morais assinalou que a recomendação não suscita dúvidas e por isso não se compreende a colocação deste cabo isto porque “no saneamento, para além de líquidos existem sólidos que fruto da existência de qualquer obstrução poderá criar um rolhão, ou seja, um entupimento global da conduta”. Foi precisamente isso que aconteceu, a 9 de Dezembro, quando a Agere foi alertada para “uma pequena inundação no rio Este”. No entanto, resolvida nesse mesmo dia a questão da inundação, os trabalhos acabaram por se prolongar até esta segunda-feira de forma “ininterrupta”.

Altino Bessa, vereador do Ambiente acompanhou os trabalhos da Agere. O centrista diz que se trata de uma situação “difícil de compreender” e enumera algumas razões para tal estranheza: “é estranha a existência deste cabo de fibra óptica no emissário da Agere porque tecnicamente não é recomendável, é estranha porque não foi autorizada e é estranho porque, passados cerca de dez ou onze anos após este projecto da Braga Digital não há ninguém que do ponto de vista técnico assuma esta responsabilidade”.

A autarquia bracarense acredita que algumas destas decisões “terão sido tomadas pelo executivo (socialista) da altura, sem estarem devidamente autorizadas em pareceres técnicos”.

Os trabalhos de limpeza da linha de saneamento entre os campos da Rodovia e a Avenida S. Bartolomeu dos Mártires prolongaram-se por seis dias e a Agere não consegue adiantar, para já, o valor global destes trabalhos até porque teve de recorrer também a empresas externas ao município por falta de capacidade.

Agora, a autarquia considera que “o risco de novas ocorrências nestas tubagens foi claramente reduzido”.