Avóspedagem acolheu 30 estudantes em Braga

30 estudantes participaram nos últimos cinco anos no projecto Avóspedagem, uma iniciativa do Fundo Social da Câmara Municipal de Braga em conjunto com a Universidade do Minho e a Universidade Católica. Esta manhã, no salão Nobre do município reuniram-se estudantes e idosos a participar no programa já no arranque deste ano lectivo e testemunhos que já passaram pela experiência nos últimos tempos.

A iniciativa consiste no acolhimento de um estudante, por parte de pessoas com mais de 60 anos, residentes no concelho de Braga.

Fernando Silva, do Fundo Social da autarquia referiu que o que se pretende, sobretudo, é “unir gerações para que haja a promoção de um intercâmbio intergeracional entre o idoso e os jovens”. Já passaram cinco anos desde a primeira edição e a organização acredita que tem contribuído através de mais uma resposta social.

Mas na verdade, os casos não são todos de sucesso: em cinco anos inscreveram-se aproximadamente 50 estudantes, no entanto apenas 30 conseguiram participar ao longo do tempo definido no regulamento. “Temos casos de insucesso porque ou o idoso pensou que o estudante seria o criado e o contrário. Por isso é que há um acompanhamento constante da equipa técnica para verificar se todas as regras são cumpridas”, referiu Fernando Silva.

Esta terça-feira serviu para relançar o Avóspedagem. Firmino Marques, vice-presidente da autarquia, admitiu a existência de “muitas pessoas a viverem sós e com disponibilidade de espaço para partilhar com estudantes” e acredita, por isso, que o projecto “será alargado a mais famílias da cidade”.

Filipe, natural de Marco de Canaveses, é um dos exemplos de estudantes que optaram pela casa de um idoso em detrimento de um apartamento ou de uma residência universitária. “Vim para Braga em 2009, estive três anos na residência universitária de Santa Tecla e depois entrei em Mestrado, acabei por ficar mais dois anos em Braga e foi na altura em que vi a publicidade do projecto na cantina da Universidade do Minho. Mais do que pensar que seria uma mais-valia no sentido em que ia ter uma casa em que pudesse viver durante a minha frequência universitária, pensar também na 3ª idade que merece uma preocupação cada vez mais forte”, contou o antigo aluno da UM que continua a manter um contacto próximo com a idosa que o acolheu.

Já Paula, natural de Macau, está pelo segundo ano consecutivo a viver com uma “avó” de acolhimento. “É um desafio para mim e uma experiência inesquecível. No ano passado também frequentei o projecto com a Dona Isabel e construímos uma amizade profunda porque é parecida com a minha mãe. Agora, viver com a Dona Aurora também é uma experiência nova e posso praticar e conhecer melhor a cultura portuguesa e europeia”.

Do outro lado, o testemunho de quem acolhe um estudante universitário pela primeira vez e de quem faz questão de continuar a receber jovens em casa. A D. Aurora está há uma semana a acolher Paula e acredita que esta é uma experiência muito positiva porque se sentia “muito só”, no entanto já recebeu outros jovens fora deste programa. Por sua vez, a D. Rosa é outro exemplo de uma pessoa idosa que até aqui estava sozinha daí ter optado por receber um estudante.

Como aderir ao programa Avóspedagem:

Para aderir ao programa Avóspedagem, o estudante universitário deve fazer a inscrição nos Serviços de Acção Social da Universidade do Minho (SASUM), já o idoso deverá contactar o Fundo Social da Câmara Municipal de Braga. O custo para o aluno é de apenas 20 euros mensais, um valor muito abaixo daquele que precisa de desembolsar caso opte por qualquer outro tipo de residência.

Os estudantes têm de ter idades compreendidas entre os 18 e os 35 anos e não podem ser residentes no concelho de Braga.

Já os séniores têm de ter pelo menos 60 anos, serem residentes no concelho de Braga, viver sozinhos ou com o respectivo cônjuge e possuir condições de alojamento.

Desde o arranque deste ano lectivo, 15 estudantes já se candidataram a este projecto, dois deles já estão integrados depois dos serviços já terem “avaliado” a situação.

O relançamento do programa surge também pelo défice de idosos. “Neste momento temos 9 idosos” preparados para acolher estudantes, “a maioria é de S. Victor, S. Vicente e zona da Sé”.

Agora, o Fundo Social vai procurar divulgar de uma forma mais intensa, através das juntas de freguesias, o Avóspedagem para fazer crescer o número de pessoas que participam no programa.